O flagelo ambiental do carvão
Enviado: quinta ago 11, 2011 10:20 pm
O Público noticiou que no passado dia 10 de Agosto os níveis de ozono no ar nas zonas de Palmela, Almada e Barreiro ultrapassaram os limites legais. A formação de ozono ao nível do solo é potenciada pela emissão para a atmosfera de óxidos de azoto (NOx). Os óxidos de azoto são alguns dos produtos libertados para a atmosfera pela queima de carvão em centrais termoeléctricas. Portugal não foge a este flagelo dado que, em média, 20% da nossa electricidade é produzida recorrendo a esse combustível fóssil.
Não estou a insinuar que a presença destes valores elevados de ozono na atmosfera da margem sul é culpa exclusiva da central a carvão que opera em Sines mas também não se pode escamotear o contributo decisivo que ela tem.
Produção eléctrica portuguesa 2009 e 2010 (REN)
O carvão é, de longe, a fonte de energia eléctrica mais poluidora mas também a mais usada no mundo. Erradicá-la da face da Terra devia ser o primeiro desígnio no combate da humanidade contra o seu impacto no ambiente. Mas não é, em nenhuma parte do mundo. Nem mesmo na Europa, auto-proclamada pioneira na defesa do meio ambiente.
O compromisso europeu de combate às alterações climáticas e políticas energéticas é conhecido como metas “20-20-20”:
- 20% de redução de consumo de energia primária através de eficiência energética
O objectivo reúne consenso mas a meta é algo utópica e dificilmente será atingida. Se vier a acontecer acredito que será mais um mérito de contracção da actividade económica do que de ganhos substanciais ganhos de eficiência no consumo. A redução do consumo eléctrico é uma das grandes apostas dos defensores das renováveis simplesmente porque as energias renováveis sozinhas não serão capazes de cobrir a procura.
- 20% de redução de emissão de gases de efeito de estufa abaixo dos níveis de 1990
O efeito de estufa antropogénico é o menos perigoso dos efeitos provocados pela libertação de gases na produção energética. Ainda assim, para o sector eléctrico, podia deduzir-se que isso representaria o phase-out das centrais a carvão. Isto porque as centrais a carvão emitem o dobro dos gases de efeito de estufa (GEE) do gás natural. As restantes fontes são quase neutras na emissão de GEE. Por arrasto haveria redução de todos os outros danos para a saúde pública associados à queima do carvão, tal como o já discutido aumento dos níveis de ozono ao nível do solo. Mas em 2009 ficámos a saber que a EU vai perseguir esse objectivo desenvolvendo a captura e armazenamento de CO2 (CCS) nas centrais termoeléctricas. Porém esta é uma técnica que está longe de estar tecnologicamente dominada, que coloca sérias questões ambientais de estanquicidade dos depósitos de CO2 e que aniquila a competitividade económica das centrais termoeléctricas. A energia nuclear é neutra em emissão de gases, segura, economicamente competitiva e amplamente dominada. Não existirá aqui algum tipo de contradição? Quer-se apostar numa tecnologia não confirmada e mais cara do que uma que é mais eficaz e barata a obter os resultados e que já deu provas disso.
- 20% de integração de fontes renováveis na geração de energia
Qual é o maior inimigo da saúde pública? Qual é o maior emissor de GEE? Qual é a fonte de energia que mais radioactividade emite? O carvão. Não faria sentido que a terceira meta fosse reduzir em 20% o contributo desta fonte? E não faria sentido trocar a mais nociva das fontes de electricidade de base pela mais benigna delas? Se faz, a energia nuclear devia ser a nossa aposta. As energias renováveis, como não me canso de dizer, pela sua intermitência e incontrolabilidade, não asseguram produção fiável de electricidade de base. Não são alternativa ao carvão.
http://luzligada.blogspot.com/2011/08/o ... arvao.html
Não estou a insinuar que a presença destes valores elevados de ozono na atmosfera da margem sul é culpa exclusiva da central a carvão que opera em Sines mas também não se pode escamotear o contributo decisivo que ela tem.
Produção eléctrica portuguesa 2009 e 2010 (REN)
O carvão é, de longe, a fonte de energia eléctrica mais poluidora mas também a mais usada no mundo. Erradicá-la da face da Terra devia ser o primeiro desígnio no combate da humanidade contra o seu impacto no ambiente. Mas não é, em nenhuma parte do mundo. Nem mesmo na Europa, auto-proclamada pioneira na defesa do meio ambiente.
O compromisso europeu de combate às alterações climáticas e políticas energéticas é conhecido como metas “20-20-20”:
- 20% de redução de consumo de energia primária através de eficiência energética
O objectivo reúne consenso mas a meta é algo utópica e dificilmente será atingida. Se vier a acontecer acredito que será mais um mérito de contracção da actividade económica do que de ganhos substanciais ganhos de eficiência no consumo. A redução do consumo eléctrico é uma das grandes apostas dos defensores das renováveis simplesmente porque as energias renováveis sozinhas não serão capazes de cobrir a procura.
- 20% de redução de emissão de gases de efeito de estufa abaixo dos níveis de 1990
O efeito de estufa antropogénico é o menos perigoso dos efeitos provocados pela libertação de gases na produção energética. Ainda assim, para o sector eléctrico, podia deduzir-se que isso representaria o phase-out das centrais a carvão. Isto porque as centrais a carvão emitem o dobro dos gases de efeito de estufa (GEE) do gás natural. As restantes fontes são quase neutras na emissão de GEE. Por arrasto haveria redução de todos os outros danos para a saúde pública associados à queima do carvão, tal como o já discutido aumento dos níveis de ozono ao nível do solo. Mas em 2009 ficámos a saber que a EU vai perseguir esse objectivo desenvolvendo a captura e armazenamento de CO2 (CCS) nas centrais termoeléctricas. Porém esta é uma técnica que está longe de estar tecnologicamente dominada, que coloca sérias questões ambientais de estanquicidade dos depósitos de CO2 e que aniquila a competitividade económica das centrais termoeléctricas. A energia nuclear é neutra em emissão de gases, segura, economicamente competitiva e amplamente dominada. Não existirá aqui algum tipo de contradição? Quer-se apostar numa tecnologia não confirmada e mais cara do que uma que é mais eficaz e barata a obter os resultados e que já deu provas disso.
- 20% de integração de fontes renováveis na geração de energia
Qual é o maior inimigo da saúde pública? Qual é o maior emissor de GEE? Qual é a fonte de energia que mais radioactividade emite? O carvão. Não faria sentido que a terceira meta fosse reduzir em 20% o contributo desta fonte? E não faria sentido trocar a mais nociva das fontes de electricidade de base pela mais benigna delas? Se faz, a energia nuclear devia ser a nossa aposta. As energias renováveis, como não me canso de dizer, pela sua intermitência e incontrolabilidade, não asseguram produção fiável de electricidade de base. Não são alternativa ao carvão.
http://luzligada.blogspot.com/2011/08/o ... arvao.html